segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Hipócritas ou temos sete vidas?

Sempre nos disseram que saberíamos quem era o nosso the one quando estivéssemos na presença dele. Hoje o Paulo disse que acreditava no amor para sempre. Mas eu pergunto: “então porque não nos ficamos pelo primeiro?” Ou o primeiro não é amor, nem o segundo? Só o que durar para toda a vida é o verdadeiro? Como sabemos responder a isto? Como sabemos viver com isto?
Quando amamos uma pessoa, não verdadeiramente – porque ou se ama ou não se ama, não se ama mais ou menos -, queremos acreditar que é para sempre. Projectamos um futuro em conjunto. A pessoa é a nossa mais-que-tudo. Momentos passados, discussões acesas, pazes feitas, novas discussões, ah e tal afinal isto não está a resultar, é melhor ficarmos por aqui. Lá se vai a perspectiva de amor para a vida inteira. A vida é uma merda. Entram pessoas na nossa vida que saem pelo lado errado. Deixam marca. Moldamo-nos à sua imagem e elas à nossa (sim, porque eu acredito que as pessoas têm que se moldar, ceder, aprender a conviver).

Depois vem outra pessoa. E pensamos que esta é que é. Como pude andar enganada tanto tempo. Onde é que tu andaste até agora? Férias juntos. Viver juntos quase todos os duas. Lavar os dentes ao mesmo tempo. Rir de nós próprios. Dizer as mesmas frases um ao outro quase ao mesmo tempo. A certeza de que aquela mensagem vinha mesmo a caminho. Um dia viajamos, conhecemos casualmente alguém. Estabelecemos contacto inocente, que a partir de certo momento sabemos não estar correcto. Porque temos quem nos preencha. Mas não nos deve completar tanto assim, caso contrário não olharíamos com olhos de querer para ninguém mais. Lágrima aqui, peso na consciência ali, afinal tu não és tudo para mim.

Sem querermos estamos apaixonados de novo. É desta, só pode. Não há nada em ti que eu não goste. Comparando (sim…sempre comparando, mesmo que involuntariamente) com os anteriores, tu és ideal para mim. Eu sou ideal para ti. Sem excessos. Sem muito romantismo, que as horas de trabalho excessivas não dão para essas coisas. Vamos viver juntos. Dividimos a renda, o mau feitio, o calor debaixo da cama quando nos deitamos exaustos. Dividimos banalidades. Dividimos tanto que precisamos trabalhar mais ainda para não convivermos tanto. Chagamos a casa e há um tampo da sanita levantado. Há um pacote de leite fora do frigorífico. O mundo acaba. Não suporto mais viver com esta pessoa. Nem ela comigo.

Vamos sair à noite para beber um copo com uns amigo e trocamos o número de telemóvel com alguém que delicadamente nos delicia com a sua simplicidade e modo de falar que não leva a querer que queira meter-nos no carro e levar-nos imediatamente para a cama. Ficámos interessadas, curiosas. Não o conheço e sei que podemos ter um futuro em conjunto. Passa um dia, passam dois, o número foi mal trocado e o nosso entendimento torcido.

Estamos descontraídos em casa e recebemos uma mensagem de alguém por quem já perdemos a cabeça, alguém de quem já guardámos milhares de recordações, bilhetes de cinema, de concertos, uma fotografia. Alguém que já tínhamos arrumado na prateleira. Não deu. Não era para ser. “Dei por mim a pensar em ti. O que é que se passou connosco? Não sei… Mas tenho saudades.” Revivalismo. Sofrimento de jovem revisitado. Ainda bem que não me atirei da ponte. Como é que eu ia adivinhar que ao fim destes anos todos iria acabar com a minha paixão do secundário? Mas só podia. Tínhamos tudo para dar certo. Estávamos destinados. Óbvio. “Perdoa-me a mensagem que te mandei. Estava confuso. Desentendi-me com a minha namorada e confundi tudo.” Os dois têm escrito nas mãos, dadas, CONFORMISMO. Mas mais vale ter alguém de quem se goste, do que não encontrar quem se ame.

O nosso melhor amigo sempre nos amou. Ou melhor, só é nosso melhor amigo porque nos ama e faz tudo por nós. Será que o verdadeiro amor está mesmo à minha frente e eu ainda não reparei? Vamos dar-lhe uma oportunidade. Veremos se não é isto que precisamos. Estamos. Não é mau de todo. É sempre bom ter alguém que nos dê o mundo. Mas não pode ser. Tu amas-me. Eu gosto de ti. Tu não fazes tremer nadinha cá dentro. Tu não me tiras o apetite. Oh… Perdoa-me. Nunca te quis magoar. Passamos anos a tentar fazer com que nos desculpe. Nunca mais.

Em trabalho conhecemos alguém fantástico. Alguém que nos mostra que o mundo é muito maior do que acreditávamos. Vamos fazer amor. Daquele experiente. Daquele sábio. Daquele que vicia. Daquele que nos faz felizes por não termos mais vinte, ridículos e presunçosos, nem trinta, conformados e presunçosos, anos. Vamos casar. Ainda bem que esperei tanto tempo. Eu sabia que havia algo genial à minha espera. Toda a gente me tinha dito que a minha vez chegaria quando menos esperasse. Casamos. Temos filhos. Temos problemas. Temos amor, compreensão, respeito. Afinal já só temos amizade. Afinal é só carinho. Afinal já não consigo dormir na cama onde tu dormes. Porquê?

Quando vamos no último, percebemos que não deve ser o último e provavelmente carregamos a dor de todos desde o primeiro. Porque não o encontramos à primeira? Porque dizemos coisas a uma pessoa que gostaríamos de ter dito a outra? Qual deles é para sempre? O que é para sempre será algum dos correspondidos? Pode não ser…

11 comentários:

Gilberto Grão de Areia disse...

:)...
E é por tudo isto mesmo que eu digo: amar verdadeiramente? Amar para sempre, incondicionalmente, sem "mais ou menos", sem altos nem baixos... só a minha mãezinha!

Admin disse...

Se calhar a resposta a todos estes questionamentos é uma simples pergunta: Será que o amor tal como nos é incutido desde tenra idade é real?
O amor, tal como o conhecemos hoje, é produto da sociedade actual. Amores há muitos, desde que seja sentido pode haver milhares... Será que alguém que teve apenas uma amor na vida pode dizer que é o verdadeiro? Será que pode ter essa arrogância em afirma-lo?
Ou será que é uma pessoa limitada na capacidade de amar mais do que uma pessoa?
Porque não chamar-lhe, um incompetente amoroso?
O amor lindo, eterno, livre de complicações, é apenas uma construção mental!!!

Amem, sejam amados, e deixem-se amar. Uma coisa é certa, quando se ama, mesmo sabendo que a partir do momento que começou é uma questão de tempo para acabar, enquanto dura é melhor que tudo o resto.
Pode ser eterno sim, pois como cada pessoa é diferente, cada amor é também diferente, quem me disser que após amar perdidamente deixou de amar completamente, no meu entender não faz sentido. Amor marca para sempre, vão ser sempre pessoas especiais, e já agora, porquê a mania do agora temos de esquecer tudo quando se acaba? Porque raio temos de esquecer? Sinceramente não esqueço quem me marcou, serão sempre pessoas que farão parte da minha vida por muito ausentes que estejam.

Mais uma coisa, a menina escreve!!! e se escreve!!! é uma delicia ler os teus textos, dou por mim a fazer votos que o post não tenha fim, expressas tudo com uma clareza e evidencia que me deixa rendido por completo a uma mente, que é capaz de fazer isto. Continua, pois um fiel leitor já ganhaste.

http://elediz.blogspot.com/

Tita disse...

Eh lah, eh lah, eh lah! Titinha do coração (é o que chamo a mim mesma mas agora aplico-o a ti, que és tita como eu), que coisa linda... que texto viciante, viciado, vicioso... Está tudo aí... sem tirar nem pôr! O coração (ou a cabeça) é um "bicho tão complicado... realmente porque não se fica para sempre com o primeiro? (bem no meu caso... hum... er... foi mesmo porque para mim não deu e conheci outro e já sabes- já explicaste em cima - como se passou a história!)

Gostei tanto, vou voltar e voltar e voltar*

Paulo disse...

Tita,
Desde já parabéns pelo post, está muito bom e dá que pensar, e logo num tema que nos fascina e toca a todos.
Não sou nenhum expert na matéria, só posso falar pela minha experiência de vida e algumas coisas que vou lendo. E segundo os últimos estudos (é engraçado que o amor e paixão, apesar de estar presente na nossa vida desde sempre, só nos últimos anos é que foi cientificamente estudado) em 100 casais juntos há mais de 20 anos, 20 ainda continuam apaixonados como nos primeiros tempos (é claro que o sexo não é tão frequente, mas não deixam de ter relações sexuais regularmente)!O que prova que o amor para sempre não é um mito! É possivel.O difícil quanto a mim, é encontrar a pessoa certa!!! Sim, no inicio é tudo muito bonito e estamos apaixonados, e temos a certeza que encontramos o sr/sra certo. Mas quando conhecemos a pessoa verdadeiramente, a maior parte das vezes é uma desilusão. E há outro factor muito importante. Todos nós mudamos ao longo da vida e se a pessoa que está ao nosso lado não mudar na mesma direcção, então está tudo estragado!

Resumindo, acaba muitas vezes por ser uma questão de sorte, encontrarmos a pessoa certa. E os tais 20% que ainda vivem em estado de paixão ao longo de mais de 20 anos, são uns grandes sortudos!!

Mas que os há, há!!!

Tita disse...

Grão de Areia:
:) Adorei. Cepticismo. Mas não queremos tome conta de nós porque pode fazer-nos mal! Também queremos fantasia, ou não?
Obrigada pela visita!

ELE:
Obrigada! :)
"Incompetente amoroso"? Fantástico. E não é que há tantos?

Paulo:
Disseste, como quase sempre, duas coisas muito certas: o problema está em encontrar a pessoa certa! E depois, pode acontecer que a pessoa certa não seja só uma, isto é, já que mudamos (como dizes) ha alturas em que a pessoa certa é uma e noutras será outra. Certo?

Beijinho a todos!

S* disse...

Quero muito que o amor que sinto seja para sempre. Mas sei que não é. Prefiro, no entanto, acreditar que o amor é eterno.

Tita disse...

Tita:
Titinha do Coração é o máximo! Estou nessa!
Obrigada!

Sanxeri:
... Nem sei que te diga!

P. disse...

acredito num só amor. mas em muitas paixões que, assim como chegam, desaparecem.

S* disse...

Tita, mimo para ti no meu blog.

VCosta disse...

Amor passa, o que fica é amizade...
Devemos respeitar o nosso amor como um amigo, o tal nosso melhor amigo... Quando exigimos perfeição de um amor, estamos a ser injustos...
Devemos sempre é melhorar o melhor amigo que nos faz companhia...
Amor e amizade são o mm... é apenas uma questão de Português!!!
Por isso é que amigos à poucos e colegas/casos existem tantos!!!
Pode tb acontecer o caso de termos vários amigos(as) pela nossa vida e aí sim, várias paixões fortes mas que... nunca deixarão de ser amigos(as)!!! Beijo.

nuno medon disse...

Eu ainda acredito no Amor. Nunca houve zanga com a Ex, nada e no entanto ela terminou comigo. Eu ainda gostava dela! Acho que agora estou a conseguir esquecê-la :). E eu e tu ainda vamos encontrar a pessoa certa! *